quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uso de sacola plástica fica proibido em BH a partir de fevereiro


A sacolinha de plástico convencional está com os dias contados em BH. A partir de 28 de fevereiro, entra em vigor a Lei 9.529/08, que proíbe o uso das embalagens que não sejam produzidas de material reciclável ou biodegradável. Sancionada pelo então prefeito Fernando Pimentel, a medida passa a valer para todos os estabelecimentos comerciais da cidade, que terão de oferecer alternativas ecologicamente corretas. Segundo especialistas, o saco de plástico tradicional é um dos grandes vilões do meio ambiente, já que pode levar até 400 anos para se decompor, enquanto os não provenientes do petróleo levam, no máximo, 18 meses para se degradar.

Originária de um projeto de lei do vereador Arnaldo Godoy (PT), a nova lei estabelece que supermercados, padarias, açougues, lojas de roupas e todos que não cumprirem a norma estão sujeitos à multa de R$ 1 mil, aplicada em dobro na reincidência, a cassação do alvará de funcionamento e até a interdição. Alguns supermercados e lojas da capital já aderiram à substituição das sacolas. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, porém, ressalta os altos custos da sacola ecologicamente correta. “Enquanto a convencional custa R$0,30, a biodegradável sai por R$ 3.” Para que os preços não sejam repassados ao consumidor, ele aposta na conscientização da população com a adesão da sacola retornável.
Mesmo prestes a entrar em vigor, a lei ainda é desconhecida para muitos belo-horizontinos. Na tarde dessa terça-feira, sob chuva fina e carregando oito sacolas de plástico e uma retornável, a diarista Marlete Soares Moreira, de 43, do Bairro Guarani, na Região Norte, caminhou quase um quilômetro de um sacolão na Avenida Cristiano Machado, onde acabara de fazer compras, até sua casa. “Como é que a gente vai fazer? Só se eu levar uma caixa ou sacola bem maior”, disse Marlete, que, apesar da dificuldade, aprova a medida e disse que vai buscar soluções para acondicionar os produtos.

Diante de um supermercado na Avenida Waldomiro Lobo, também no Guarani, o casal Rosileno e Leni Wanderlei, morador do vizinho Bairro Tupi, põe fé na sacola ecológica para reduzir os problemas. “A lei é necessária e temos que buscar alternativas, mas não sabia que havia sido aprovada. O cidadão deve ter responsabilidade e fazer sua parte”, afirmou Rosileno, de 43, técnico gráfico.

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Já o advogado Adílio Lobão, morador do Bairro Belvedere, mostrou conhecimento da lei. Empurrando o carrinho de compras num supermercado da Zona Sul, que oferece sacolinhas biodegradáveis, ele afirmou que espera que todos os supermercados façam a substituição: “O meio ambiente agradece”. Ao colocar as embalagens no porta-malas do carro, a arquiteta Renata Paranhos Pinto contou que não sabia da regra, mas se declarou “totalmente contra as sacolas de plástico”. O namorado Leonardo Schayer Dias disse que espera maior conscientização dos moradores. “No lugar do plástico, as caixas de papelão”, indicou.

Apesar de bem-intencionada, a lei, na opinião do ambientalista Apolo Heringer, não resolve o problema. “A produção dessas sacolas biodegradáveis também gasta energia e polui o meio ambiente, assim como o transporte e o processo de reciclagem.” Para o especialista, é preciso aprofundar a discussão e investir na educação da população. “Mudando apenas o material, não se muda o mais importante, que é o hábito das pessoas”. Por isso, para Heringer, a melhor solução para o meio ambiente continua sendo a velha e boa sacola retornável, feita de pano ou palha, com durabilidade de até 10 anos.